Perda na comparação anual foi puxada por serviços e instituições financeiras. Na contramão, varejo volta a subir
A demanda por crédito no Brasil permanece em tendência de queda. Janeiro é o segundo mês consecutivo com perda de dois dígitos, ao registrar recuo de 13% na comparação com igual período do ano passado. O comportamento foi puxado pelos segmentos de serviços (-28%) e bancos e financeiras (-16%). Já o varejo apresentou comportamento distinto, com alta de 14%. Os dados são do Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), indicador que mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos nos segmentos de varejo, bancos e serviços.
Para Breno Costa, diretor da Neurotech e responsável pelo indicador, a queda não surpreende e apenas ratifica a tendência iniciada a partir de agosto do ano passado, quando o INDC passou a registrar sucessivos recuos, com exceção apenas do mês de novembro, impulsionado pela Black Friday. “O varejo apresentou tendência contrário por conta do momento do ano, marcado, por exemplo, pelas compras de material escolar. No entanto, percebemos que as instituições ainda estão reticentes em ofertar crédito, até por conta do aumento de risco das carteiras não só por parte da maior inadimplência das pessoas físicas como também por parte das empresas. Este cenário provoca o maior conservadorismo”, explica.
Expectativa de recuperação
Durante quase todos os meses do segundo semestre do ano passado, a busca por financiamentos caiu e este movimento fez a demanda acumulada no período (julho a dezembro de 2022) ficar em -7%. Janeiro aprofunda a queda e o cenário, segundo Costa, não deve se reverter no curto prazo.
“O aquecimento do crédito nos primeiros seis meses de 2022 precarizou a qualidade das carteiras das instituições financeiras. Isto fez com que a oferta recuasse, com a redução dos canais de distribuição e campanhas de marketing. A menor quantidade de canais ofertantes de crédito reduz as consultas das pessoas à possibilidade de buscar financiamentos, levando à queda da demanda. Tudo isso aliado ao comprometimento da renda e às perdas dos bancos com crédito corporativo faz com que nossa expectativa não seja de reversão do cenário no curto prazo”, resume Costa.
Varejo
O ranking por segmento, considerando apenas o varejo, ficou assim em janeiro: supermercados (+41%); móveis (+39%); lojas de departamentos (+7%); vestuário (+7%). Registraram queda: eletroeletrônicos (-13%) e outros (-24%).