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Investimento em análise de dados acompanha ritmo do avanço do Open Banking

*Por Breno Costa

A sabedoria popular diz que um é pouco, dois é bom e três é demais, significando que nem sempre a abundância de alguma coisa é um fator positivo. Outros dizem que até a água pode se transformar em veneno e levar à morte se for absorvida em uma quantidade exagerada e sem cuidado. Neste sentido, trazendo para o presente e futuro próximo da indústria financeira, é possível entender que, sem uma estrutura desenvolvida com base numa estratégia eficiente de tratamento de dados, as empresas do setor podem ter problemas à medida que avançam as iniciativas de Open Banking em vários países.

Os CFOs e líderes financeiros já entenderam que os dados só se transformam em novo petróleo se eles forem devidamente refinados. Ou seja; é necessária a capacidade e a habilidade de capturar, organizar, processar, entender, transformar em conhecimento e depois fazer com que tudo isso se transforme em novas soluções.

Uma prova desta percepção foi revelada no final de fevereiro quando o Gartner apresentou os resultados de uma pesquisa feita junto a 167 organizações financeiras em novembro de 2020. O estudo mostrou uma intenção generalizada de investir em tecnologias emergentes nos próximos três anos, sendo que as ferramentas de análise avançada de dados ocuparam o segundo lugar na preferência dos executivos participantes.

Este tipo de tecnologia foi apontada como sendo o sonho de consumo de 57% dos executivos entrevistados, ficando atrás somente das ferramentas de ERP em nuvem, que obtiveram 64% dos votos.

Ao analisar os insights oferecidos pela pesquisa, o vice-presidente de prática de finanças do Gartner, Dan Garvey, afirmou que embora a transformação digital já estivesse sendo encarada como uma grande prioridade para as organizações financeiras no passado, o ritmo deste processo foi acelerado de forma substancial em função da pandemia. Segundo ele, o investimento digital e a transformação não são mais coisas nas quais os CFOs podem adotar uma abordagem de ‘esperar para ver’ ou lançar pequenos investimentos. Agora o momento é de agir rapidamente.

No Brasil este processo de aceleração tem ainda componentes adicionais uma vez que o modelo de funcionamento da indústria financeira se encontra em plena transformação. Em pouco mais de três meses de lançamento, o PIX já acumula um volume de transações cinco vezes maior do que a quantidade de TEDs realizadas em 2021. Enquanto isso, o Banco Central já trabalha para lançar nos próximos meses novas funcionalidades como o PIX em conta salário, o saque PIX em estabelecimentos comerciais e o PIX por aproximação. Por outro lado, estão entrando em vigor as etapas de implantação do Open Banking, que prometem revolucionar o acesso aos dados do consumidor aumentando a concorrência.

O mercado caminha a passos largos para um ambiente no qual só serão protagonistas as organizações que forem capazes de oferecer produtos e serviços cada vez mais personalizados e desenvolvidos para aproveitar as características individuais de cada pessoa.

A aplicação prática deste raciocínio pode se revelar em forma de taxas de juros diferenciadas para uma mesma carteira de clientes na concessão de crédito, pagamento parcelado em número diferente de mensalidades, apólices de seguros flexíveis com cobrança baseada no tempo de uso do bem material e uma infinidade de inovações que só o tempo revelará.

Para isso, não bastará ter os dados. Será preciso ter a capacidade de análise avançada para entender a direção que eles apontarão. Quem não tiver essa condição, certamente vai ficar somente com o pouco ou, no máximo, o bom.
Para esses, o excelente será demais.

*Breno Costa é diretor de produtos e sucesso dos clientes da Neurotech.

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