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Demanda por crédito cai 21% em fevereiro

Perda na comparação anual foi puxada por todos os segmentos; setor de serviços registrou retração de 34%

A demanda por crédito no Brasil recuou na casa dos dois dígitos pelo terceiro mês consecutivo. Em fevereiro, foi registrada uma queda de 21% na comparação com igual período de 2022. A maior retração foi do segmento de serviços (-34%), seguido por bancos e financeiras (-21%) e varejo (-9%). Os dados são do Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), indicador que mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos nos segmentos de varejo, bancos e serviços.

Na comparação mensal (fevereiro versus janeiro de 2023), o INDC teve queda de – 13%. Novamente, a maior perda foi registrada no segmento serviços (-28%), enquanto a demanda por crédito de bancos e instituições financeiras recuou 16%, e o varejo cresceu 14%. Breno Costa, diretor da Neurotech e responsável pelo indicador, lembra que o INDC mensura a demanda por crédito novo. “Atualmente, as instituições estão trabalhando menos na aquisição de novos clientes e focando mais na rentabilização do cliente já existente. Assim, embora a gente veja uma queda no INDC, isso não significa uma retração no crédito como um todo”, afirma.

Varejo

Considerando o Varejo, o ranking do INDC por segmento de fevereiro ficou assim: supermercados (+25%); móveis (+18%). Na queda, destacam-se eletroeletrônicos (-43%); outros (-19%); lojas de departamentos (-11%); vestuário (-10%).

De acordo com Costa, não há perspectiva de reversão no curto prazo da tendência iniciada em agosto do ano passado, quando o INDC passou a registrar sucessivos recuos. Pelo contrário, segundo ele o caso Americanas e de outras varejistas agravou o cenário. “É o chamado inverno do varejo. As menores vendas impactam diretamente a oferta de crédito. O momento é de contração da oferta. Estamos vivenciando uma crise de crédito, mas sua intensidade ainda é uma incógnita. A alta inadimplência das famílias e das empresas fez com que as instituições se tornassem mais seletivas por conta do elevado risco das carteiras. A retração da oferta tem como consequência o recuo da demanda, já que não há mais tantos canais facilitando a obtenção de crédito”, analisa Costa.

Efeito 2022

O especialista afirma ainda que o aquecimento do crédito nos primeiros seis meses de 2022 precarizou a qualidade das carteiras das instituições financeiras. Isto fez com que a oferta recuasse, com a redução dos canais de distribuição e campanhas de marketing para aquisição de novos clientes. “A menor quantidade de canais ofertantes de crédito reduz as consultas das pessoas à possibilidade de buscar financiamentos, levando à queda da demanda. Tudo isso aliado ao comprometimento da renda e às perdas dos bancos com crédito corporativo faz com que nossa expectativa não seja de reversão do cenário no curto prazo”, resume Costa.

Ele acrescenta que fatores como desemprego ainda alto, juros restritivos e contração da renda causaram o endividamento das famílias e, por consequência, o aumento da inadimplência. Segundo dados da Serasa, de janeiro deste ano, cerca de 70 milhões de brasileiros tinham dívidas em atraso, que somavam um montante de R$ 323,2 bilhões.

Acompanhe as análises mensais do INDC. 

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