ANÁLISE DE CRÉDITO MOTOR DE DECISÃO

As variáveis do Open Banking na personalização de ofertas e novos produtos

O modelo de Open Banking promete revolucionar o mercado financeiro nos próximos anos. A liberdade e o controle que ele proporciona aos usuários sobre seus próprios dados são seus principais diferenciais, para as instituições financeiras e de crédito um ponto importante é que mais dados e variáveis estão à disposição para customizar as ofertas, criar novos produtos e personalizar o relacionamento com cada cliente.

Como o conceito ainda é novo para o mercado brasileiro, reunimos algumas das principais dúvidas recebidas nos eventos realizados pela Neurotech em parceria com o Guiabolso e as respostas trazidas pelos experts no assunto. 

Qual será a proporção dos impactos do Open Banking no mercado?

Para Thiago Alvarez, CEO do Guiabolso e membro do comitê criado pelo Banco Central sobre o Open Banking, o impacto do Open Banking será grande e rápido. “Dado que é uma infraestrutura obrigatória para as grandes instituições financeiras e opcional para pequenas e médias empresas. Muitas delas, com certeza, estarão presentes neste modelo, o que contribui para que o impacto seja de grandes proporções”, afirma.

Wellington Alves, CEO da Trigg Brasil, fintech pioneira na adoção do Open Banking, coloca que o modelo de banco aberto trará grandes avanços para o mercado, com muitos pontos positivos. “O Open Banking será bom para a economia e a inclusão social na parte de crédito. Sem dúvidas, quem melhor se preparar e trabalhar de acordo com as informações que o Open Banking traz, sairá na frente”, comenta.

Breno Costa, Diretor de Produtos e Sucesso do Cliente da Neurotech, ainda complementou dizendo que as empresas precisam se preparar o quanto antes para a mudança. “A dica que eu dou para todos os gestores é: se preparem, independentemente de o processo acontecer de maneira rápida ou de forma mais lenta”.

Como as variáveis do Open Banking ajudam na personalização de ofertas?

Conceder crédito de forma massificada pode ser algo arriscado se não for feito baseado em dados de mercado e no histórico de relacionamento do cliente. Porém, como podemos identificar os bons e maus pagadores?

De acordo com Wellington Alves, o Open Banking, por meio da sua quantidade de informações qualificadas, vai trazer uma maior segurança no processo de análise e concessão de crédito. “Quando você trabalha com Open Banking, tem muito mais variáveis disponíveis para analisar o perfil do cliente e a capacidade de pagamento que ele tem”, explica.

Quando pensamos no crédito, existe a opção binária entre sim e não, sobre conceder ao cliente solicitante, é o que comenta Thiago Alvarez. “No Open Banking, a estratégia vai além, já que permite ao usuário migrar todo o seu relacionamento já construído com uma instituição para outra. Isso possibilita que ele não precise começar tudo de novo, do zero”.

Estes fatores ajudam na construção das ofertas, já que permitem personalizar as propostas de acordo com todo o histórico do cliente com outras instituições, acessível por conta do Open Banking.

Quais seriam os impactos da LGPD na operação Open Banking no quesito controle da informação, armazenamento, arquivamento por exemplo?

Este é um ponto muito importante segundo Thiago Alvarez, “Com a LGPD, entende-se que os donos das informações (os titulares) são as pessoas a quem os dados dizem respeito. As empresas e organizações que fazem a coleta, tratamento e armazenamento dos dados são definidas como controladoras, mas não têm direitos de propriedade sobre esses dados. A partir da entrada em vigor da LGPD, qualquer organização precisa fundamentar o tratamento de dados pessoais por alguma das dez bases legais previstas na lei – dentre elas, o consentimento pelo titular, a execução de contrato ou o cumprimento de obrigação legal.” Ainda segundo Alvarez: “Havendo ou não consentimento do titular dos dados, a controladora deve informar a pessoa sobre o tratamento de dados e a finalidade específica dessa ação. Em alguns casos, a LGPD determina que o titular de dados possa solicitar a eliminação de suas informações do banco de dados da empresa, sendo devidamente informado sobre as consequências dessa ação (por exemplo, a interrupção de um serviço).”

“Já no quadro normativo do Open Banking, o consentimento do cliente é a única base legal para iniciar o compartilhamento de dados. Isto é, todas as instituições financeiras e demais participantes do sistema financeiro devem obter o consentimento expresso do cliente sobre a coleta de dados para fins do Open Banking”, finaliza Alvarez.

Como ficam os procedimentos para o consentimento do cliente e utilização dos dados?

Acima de tudo, para que o modelo de banco aberto seja posto em prática, é necessária a autorização por parte do usuário, dando consentimento à instituição financeira para que utilize seus dados.

O banco obtém este consentimento por meio de um termo assinado pelo cliente e que tem a validade de 12 meses. Durante este período, é permitido fazer até 120 chamadas de Interface de Programação de Aplicações (API), de forma gratuita.

Isso também permite fazer o monitoramento pós-concessão e para a cobrança. Com o Open Banking, você entende melhor a situação financeira do cliente e mantém uma boa relação com ele. Em resumo, você consegue entender quando o cliente não paga por não querer e quando a falta de pagamento é por não poder.

O mau cliente será discriminado ao compartilhar suas informações?

Segundo Breno Costa, quando tratamos todos os clientes de forma igual, o bom paga pelo mau. “Quando isso acontece, por mais que a instituição fique com o seu DRE em dia, ela não está oferecendo condições que merecem determinados indivíduos, ele paga um preço maior por conta de um outro que não realiza os pagamentos em dia”.

Para Wellington Alves, também não há discriminação. “As instituições terão melhores informações para estipular essa concessão. Isso não significa discriminar, até porque muitas vezes os clientes em condições de débito com outras instituições estão procurando crédito justamente para sair do sufoco”, comenta.

Thiago Alvarez conclui explicando que o que existe é uma diferenciação, não discriminação. “A forma sistemática de fazer crédito, que não diferencia, é prejudicial para todos os tipos de clientes. Além disso, impossibilita fazer ofertas personalizadas, de acordo com a situação financeira de cada um”.

“No processo de consentimento de utilização dos dados é necessário criar-se uma proposta de valor onde os consumidores entendam os benefícios do compartilhamento das informações. Caso haja uma negativa, o processo se dará da forma pré open banking. Dessa forma, é importante reforçar que para o sucesso do Open Banking é necessário o engajamento dos consumidores” complementa Alvarez.

Como faço para saber quais informações do Open Banking estão acessíveis?

Por enquanto apenas os dados da primeira fase estão disponíveis, esses dados são: (compartilhamento padronizado das informações sobre canais de atendimento, serviços e produtos financeiros tradicionais), na segunda fase, que entraria em vigor no dia 15/07/2021, mas foi adiada para 13 de agosto, serão disponibilizados dados cadastrais, transacionais em conta, informações sobre cartões e operações de crédito.

Quando o consumidor começará a perceber os ganhos do Open Banking de forma efetiva?

Após o consentimento de uso dos dados, os benefícios já podem ser percebidos imediatamente, em uma simulação de crédito, por exemplo. Outro ganho é na análise e comprovação de renda, esse processo se torna automático após o compartilhamento dos dados.

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